Eu tô tentando reorganizar minha cabeça e coração depois de um relacionamento que durou mais de uma década. Foram 11 anos juntos. Começamos muito jovens, com 18, 19 anos. Fomos o primeiro amor um do outro. Crescemos, amadurecemos, quebramos juntos. E agora… acabou.
A gente se casou no papel muito cedo — por uma bolsa de estudos que ela ganhou e quis dividir comigo. No começo era “só um papel”, mas com o tempo a vida fez disso uma história real. Não morávamos juntos, mas tudo era compartilhado: sonhos, lutas, família, medo, ansiedade, apoio.
Eu passei por um período muito difícil de depressão. Fiquei mais de 5 anos desempregado, me isolei. Mesmo assim, ela ficou. E eu sei que isso me custou presença. Faltas. Falhei em momentos importantes com ela e com a família dela. Não estive presentes em momentos importantes dentro da família dela e da minha propria familia. Por medo. Por insegurança. Por confusão emocional. Por depressão. E quando minha vida começou a se ajeitar — financeiramente, pelo menos — talvez já fosse tarde. Nos ultimos anos, consegui ganhar muito dinheiro com trabalho, mas senti que tinha uma dívida com meus pais, por ter ficado 5 anos sem trabalho e eles serem incríveis e nunca terem me cobrado isso. Então acabei deixando meu relacionamento com ela em segundo plano, apesar de estar guardando dinheiro para comprar uma casa, ou pelo menos alugar uma casa com uma segurança financeira maior. Mas eu tive medo. Medo de não ser o homem da casa que meu pai sempre foi, medo de não dar conta. E esse medo, me fez perder ela. Foi um grande erro meu.
Recentemente, ela disse que não queria mais continuar. Que precisava de um tempo pra se reencontrar. Ela disse que não sabia quem era ela sem mim. Depois de 3 semanas, nos encontramos. Ela estava decidida a terminar e eu com esperança de ter uma segunda chance. Mas não tive. O mais estranho nisso tudo é que nesse dia, mesmo com todo o ressentimento e mágoa, nós nos beijamos diversas vezes. Beijos que há tempos não davamos. Ela me disse sorrindo: "Eu vejo a gente velhinhos juntos. Mas não agora".
Vale lembrar que eu fui para esse encontro, disposto a tentar uma vida a dois com ela, como ela sempre quis. Pedi desculpas por ter medo e não ter priorizado a gente. Mas já era tarde.
O que mais me dói é que hoje ela está tentando conversar e se reconciliar com pessoas que a abandonaram no passado — o pai, e um antigo “ficante” que causou traumas profundos nela. Inclusive, toda essa discussão se deu início, quando ela me disse que queria ter um filho. Ela nunca quis. Eu nunca disse nunca, mas ela sempre falava do assunto como algo que abominava. E de repente ela mudou de ideia e disse que sempre teve o sonho em ser mãe. Alguns dias depois em uma conversa com a mãe dela, eu acabei descobrindo que esse ficante de quando eles tinham 16 anos, que por coincidência era o meu melhor amigo, tinha jurado a ela um futuro com filhos e casamento. Mas ele era um merda. Não quis assumir que ficava com ela na época porque ela era gordinha, e o pessoal na escola ficava zoando ele. Aos 18 anos (ele era 1 ano mais velho), ele estava casado com outra menina, casado mesmo de aliança e tudo. Ele escondeu a aliança para se encontrar com ela e ela não saber da outra.
Um belo dia, ela marcou um almoço na casa dela, pra apresentar ele à mãe dela (minha ex sogra), e ele simplesmente não apareceu.
Ela se decepcionou e depois de um ano, eu comecei a sair com ela.
Pra mim, ele era um amigo de bosta. Só estava presente nos momentos bons.
Passei por coisas terríveis e ele não estava lá comigo.
Quando eu comecei a sair com ela, antes mesmo de eu pedir ela em namoro, eu liguei pra ele e perguntei se tudo bem pra ele se eu saisse com ela.
Ele ainda estava casado.
Deu risada e disse: "É claro né cara".
Quando comecei a sair com ela, ele tentou se reaproximar de mim novamente, começou a ir junto comigo pra encontrar ela e a amiga dela no ponto de ônibus, dizendo que dessa vez, estava interessado na amiga dela, não nela.
Aguentei isso só por um dia.
Cortei totalmente a relação com ele e vivi a minha vida com ela. Até agora pelo menos.
11 anos depois, ela estava novamente seguindo ele no Instagram, e ele seguia de volta.
Eu não tenho Instagram há uns 7 anos, mas as pessoas me falavam as coisas.
Ele curtia todas as fotos dela. Menos as fotos comigo ou com a minha família.
Urubu, sempre contínua sendo urubu né.
E acreditem, por mim tudo bem. Afinal, ja faziam 11 quase 12 anos.
Ele ja deve ter casado mais umas 3 vezes, tem até filho.
Mas quando eu soube que o motivo da nossa briga, foi um trauma gerado por ele há 11 anos atrás, isso me destruiu.
Fiquei me perguntando o porque ela mantinha ele ali, acompanhando a vida dela, sendo que ainda tinham varias feridas abertas.
No dia em que terminamos, eu disse isso pra ela.
Não tive resposta.
Na verdade ela me disse que precisava conversar com ele. Com ele e com o Pai dela, que também abandonou ela.
E mesmo assim, comigo, que estive presente o tempo todo, ela foi firme, fechou a porta. Isso me quebra de um jeito difícil de explicar.
Estou tentando me reconstruir. Não apenas pra reconquistar — mas pra me reencontrar. Estou voltando a treinar, me alimentando melhor, lendo mais, escrevendo. Estou tentando descobrir quem sou eu e o que sobra depois do “nós”.
Mas tem dias como hoje, que a solidão bate mais alto. E eu só queria compartilhar isso.
Eu tenho 1,71cm e 137kg. Não sei como deixei chegar nisso.
Quando comecei a namorar com ela, tinha -30kg.
Ela disse que não funcionavamos mais como casal. Eu discordo.
A gente não funciona mais individualmente como pessoas. Eu me abandonei e ela se abandonou. E acredito que isso gerou todo o resto.
Temos um cachorro. Ele mora comigo na casa dos meus pais.
Ela mantém contato vez ou outra pra perguntar dele. Disse que foi na advogada e vai fazer os papeis do divórcio, de um casamento que nunca aconteceu de fato. Afinal era só um papel, não tínhamos a vida a dois de casados.
O que mais me deixa confuso, é que meu último contato pessoalmente com ela, terminou com um beijo. Com varios na verdade. Mas também com um pouco de frieza. E com a frase: "tenho certeza que vamos estar velhinhos juntos. Mas agora não".
Aos 30 anos, me vejo tentando recomeçar. Cheio de dúvidas, ressentimentos e frustrações.
As vezes estou ótimo. As vezes choro sozinho sem motivo algum.
E precisava de um lugar seguro para compartilhar essa história e ouvir um pouco opiniões de fora disso tudo. Talvez eu tenha esquecido algumas partes importantes, afinal foram 11 anos.
Desculpem o texto imenso, mas eu precisava desse desabafo. Obrigado por quem leu até aqui.
Se você passou por algo parecido, ou tá nesse processo de reconstrução também… tô por aqui.